quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A história da Reforma Protestante e a Contra-Reforma Católica



 
 
 
 
O que segue abaixo foi retirado do livro didático Caminhos das Civilizações – Da Pré-História aos dias atuais de José Geraldo Vinci de Moraes. O autor escreve a história desprezando o lado espiritual da Reforma Protestante no qual foi à razão fundamental. Embora a reforma envolvesse mudanças sociais e políticas, sabemos que essência dela foi Espiritual. O retorno as Escrituras. Sola Scriptura – Somente as Escrituras, Solus Christus – Somente Cristo, Sola Gratia – Somente a Graça, Sola Fide – Somente pela Fé, Soli Deo Gloria – Somente glória a Deus.]
Introdução
Já sabemos que a Igreja foi uma poderosa instituição medieval. Mas entre os séculos XI e XIII, ela passou por diversas crises e mudanças, surgindo daí inúmeros movimentos que criticavam seus valores e posturas:
  • As heresias, que contestavam certos dogmas da Igreja Católica e por isso foram duramente perseguidas;
  • As ordens mendicantes, correntes internas que questionavam a preocupação da Igreja com as questões materiais;
  • As reações da própria Igreja para combater esses movimentos, principalmente a reforma gregoriana (do papa Gregório VII, na primeira metade do século XI) e a instituição da Santa Inquisição, no século XIII.[1}
A partir do século XV as críticas à Igreja Católica retornaram, ganhando muitas forças no século XVI. Os conflitos e as diferenças dentro da Igreja tornaram-se tão séria neste século, que acabaram gerando uma cisão na cristandade por meio da Reforma Protestante.
Alguns fatores gerais
No século XV, com as profundas transformações que ocorriam na Europa (a expansão marítima, o renascimento urbano e comercial e o humanismo/Renascimento), os movimentos que questionavam o excessivo comprometimento da Igreja Católica com os problemas mundanos e materiais ganharam mais espaço e força para se desenvolverem.
Dois fatos colaboraram muito para agravar ainda mais a situação da Igreja ao longo dos séculos XV e XVI:
  • A crescente onda de corrupção com a venda de indulgência, relíquias religiosas e cargos eclesiásticos importantes, bem como a concubinagem do clero.
  • E, ao mesmo tempo que o papa (autoridade máxima da Igreja) perdia poder para monarquias nacionais, enfraquecendo-se, cometia abusos políticos, envolvendo-se em acordos e golpes políticos com o objetivo de universalizar sua influência na Europa católica.
A Igreja tornava-se cada vez mais vulnerável tanto no aspecto moral quando no religioso. As insatisfações generalizavam-se por toda a Europa.
A burguesia estava insatisfeita porque seus interesses chocavam-se com as posturas da Igrejas, como, por exemplo, a condenação da usura (lucro proveniente de juros exagerados) e da cobiça (desejo de possuir bens materiais e poder). Os Estados nacionais (ou o rei) queriam limitar os poderes temporais da Igreja nas suas fronteiras. O fiel de origem humilde via a Igreja defendo a exploração feudal e não encontrava nela o apoio espiritual de que tanto precisava naquela época de crise.
No aspecto teórico, o Renascimento foi muito importante, uma vez que, de acordo com sua postura antropocêntrica valorizava o homem e sua individualidade e ainda o espírito critico do intelectual e cientista. Isto contribuiu muito para uma aproximação entre fé e razão e para a revisão de atitudes religiosas, como a idéia de que a interlocução com Deus poderia ser individual, sem a mediação do clero; ou ainda que a interpretação da Bíblia deveria ser livre e pessoal.
Gradativamente, forma sendo criadas na Europa condições para o surgimento de religiões mais adaptadas ao espírito capitalista.
Nesse quadro de insatisfações surgiram os primeiros reformistas [também chamados de pré-reformadores]: o inglês John Wycliffe, professor da Universidade de Oxford, já defendia (entre o final do século XIV e o início do XVI) a livre interpretação da Bíblia, o fim dos impostos clericais e questionava a existência da hierarquia eclesiástica.
O tcheco John Huss, professor da Universidade de Praga, foi um seguidor das idéias de John Wycliffe. Ele defendia, nessa mesma época, a utilização das línguas nacionais nos cultos religiosos, em vez do latim; chegou até a traduzir a Bíblia para seu idioma, o que era um sacrilégio. Foi condenado pela Igreja em 1417 e morto na fogueira.
Essas primeiras iniciativas não tiveram muita repercussão, ficando restrita às igrejas de seus países, o que não ocorreu com os reformadores seguintes.
A Reforma Protestante na Alemanha
No século XVI a Alemanha não existia como a conhecemos hoje; ela fazia parte de um império mais extenso, o Sacro Império Romano-Germânico. O Império estava divido em diversas regiões independentes, os principados. Logo, o poder estava descentralizado nas mãos dos príncipes (a centralização do Estado alemão só viria a ocorrer no século XIX), que comandavam todas as ações na sua região.
O Sacro Império e a Igreja Católica disputavam o poder na região, produzindo alguns conflitos. Grande proprietária de terras, a Igreja alemã continuava vinculada ao mundo feudal, explorando os camponeses e impedindo o desenvolvimento do comércio e, conseqüentemente, da burguesia. Além disso, em razão da sua grande força nas questões temporais, a corrupção e a decadência moral da Igreja assumiam grandes proporções na Alemanha. A sociedade, de maneira geral, a via de forma muito negativa.
Por isso, em outro de 1517, o monge agostiniano (portanto, membro da Igreja Católica) e professor universitário Martinho Lutero (1483 – 1546) afixou na porta da catedral de Wittenberg 95 teses e que denunciava e protestava contra a venda de indulgências.
O papa, na época Leão X, exigiu sua retratação, o que não ocorreu, prolongando o conflito por cerca de três anos. Finalmente, em 1520, Lutero foi excomungado pelo papa. Para demonstrar sua insatisfação, ele queimou em público a bula papal que o condenava. Em virtude de sua radicalidade, Lutero foi proscrito do Império. No entanto, o príncipe Frederico da Saxônia o acolheu em seu castelo.Protegido no castelo, Martinho Lutero traduziu a Bíblia do latim para o alemão (o que era proibido na Época [pela Igreja Católica]).

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